As revelações publicadas ao longo do dia de ontem sobre o esquema de monitoramento de adversários do governo Bolsonaro promovido pela Abin mudaram a escala de pessimismo dos bolsonaristas que articulam a candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro.
Até o início do dia, povoavam as conversas os substantivos “dúvida” e “incerteza” sobre o destino da candidatura do ex-chefe da Abin
No fim do dia, porém, com a enxurrada de informações sobre as investigações da PF, havia um consenso: a operação de ontem foi o início do fim da possibilidade de Ramagem ser prefeito.
Simplesmente porque ele será abatido antes de ser lançado oficialmente candidato — de acordo com a regras do TSE, a oficialização das candidaturas a prefeito só acontece entre o fim de julho e o inicio de agosto nas convenções partidárias.
A avaliação é que essa foi apenas uma primeira etapa do que vem por aí. A possibilidade de Ramagem vir a ser preso nos próximos meses esteve ontem em boa parte das conversas dos bolsonaristas.
Ninguém, no entanto, admitirá nada disso publicamente. Não é a hora de lançar ao eleitor qualquer tipo de dúvida sobre a candidatura do ex-chefe da Abin.
Ontem mesmo o presidente do PL, o Valdemar Costa Neto, chegou a dizer que a operação “pode acabar elegendo o Ramagem com mais facilidade no Rio de Janeiro”.
A palavra de ordem do momento é “perseguição”. A estratégia do momento é a vitimização.
Mesmo que ninguém no topo do bolsonarismo vá admitir publicamente, nos bastidores o grupo vai, a partir de agora, tratar de pensar seriamente num plano B para ser o candidato a de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro.